Feito para brigar com Chevrolet Opala, clássico não vendeu bem, mas deixou uma legião de fãs; Confira a história do esportivo nacional

Em 14 de maio de 1973, há exatos 40 anos, a Ford apresentava à imprensa
o Maverick. Produzido na fábrica da montadora em São Bernardo do Campo,
na Grande São Paulo, o clássico chegou às lojas em junho daquele mesmo
ano.
Numa época em que as grandes atrações no portfólio da Ford eram o
popular Corcel e o luxuoso Galaxie, o "Maveco" veio com a missão de
alavancar as vendas da marca no Brasil e era também uma resposta da
montadora ao bem sucedido Opala, da rival Chevrolet.
O carro foi lançado com toda a pompa que a ocasião pedia. Até Emerson
Fittipaldi, grande estrela da Fórmula 1 naqueles anos, participou da
divulgação da máquina, acelerando o possante no Autódromo de Interlagos
(assista ao vídeo aqui).
O lançamento chegou às revendas apenas na versão cupê, com três versões
de acabamento: Super, Super Luxo e GT. As versões de entrada e
intermediária traziam um bloco 3.0 de seis cilindros capaz de entregar
112 cv de potência.

Mas é a apimentada versão GT que mostra a que o Mavecão veio. Invocado,
trazia duas entradas falsas no capô, faixas decorativas e faróis
auxiliares embutidos na grade dianteira. Ele era alimentado por um bloco
V8 5.0 que entregava 197 cv de potência e torque máximo de 39,5 kgfm. O
motor de oito cilindros em V era coisa rara no Brasil do início da
década de 1970. Na pista, atingia máxima de 180 km/h e acelerava de 0 a
100 km/h em 11 segundos, de acordo com a fabricante. Nos testes feitos
pela reportagem de Autoesporte no período, o carro
atingiu os 100 km/h em 17 segundos. Os números não são extraordinários,
mas, como se sabe, o Maverick se impõe muito mais pela sua robustez e
força do que propriamente por agilidade.

Apesar dos bons atributos, o carro não conseguiu decolar nas vendas no
Brasil. Era relativamente caro. O preço partia de 30.559 cruzeiros (para
um parâmetro melhor, o Volkswagen Fusca, extremamamente popular,
custava 16.756 cruzeiros). Mas o que o matou foi sua sede por
combustível. Beberrão, o consumo médio na cidade aferido por
Autoesporte foi de 6,3 km/l . Com a Crise do Petróleo, que disparou o
preço da gasolina no Brasil naquele tempo, manter um veículo como o
Maverick era um luxo para poucos.
Videos:
Mais barato, leve e econômico, o novo Corcel chegou em 1978 e fez com
que o irmão perdesse espaço de vez. O último Maverick deixou as linhas
de produção em abril de 1979, com apenas seis anos de produção.
Legião de fãs
Embora não tenha emplacado como um grande sucesso em seu tempo, o
Maverick entrou posteriormente para o hall dos grandes clássicos
nacionais. Hoje, o carro é considerado uma lenda entre os entusiastas de
automóveis antigos e custa mais do que um veículo 0km. "Existe uma
valorização muito grande do modelo atualmente. Na internet, chegam a
pedir até mais de R$ 60 mil", conta Alexandre Sharin, proprietário de um
Maverick GT 1976, adquirido há quatro anos no site de compras Mercado
Livre. "Paguei R$ 22 mil na época. O carro estava caindo aos pedaços,
cheio de ferrugem, com teia de aranha, nem freio tinha", lembra Sharin,
membro do Maverick Clube do Rio Grande do Sul.

Fã do modelo desde criança, quando divertia-se com o Maverick do pai, o
chefe de cozinha investiu cerca de R$ 50 mil para deixar o Maveco "zero
bala". Reformou todo o veículo e mandou instalar até ar-condicionado,
tudo pelo amor à namorada, que queria um veículo confortável e, é claro,
pelo próprio carro. "O barulho do V8 arrepria. Ele é testosterona
puro", diverte-se ele, que refere-se ao Maverick como o "irmão
brasileiro do Mustang.
Enquanto Alexandre curte a "pegada masculina" do Maveco, Cleiton Neves,
presidente do Maverick Clube de Brasília, ressalta a "feminilidade" do
Ford. "As linhas lembram o formato de um corpo de uma mulher. Se você
reparar bem, encontra uma semelhança da traseira dele com a de quadril
feminino. Talvez seja por isso que eu goste tanto do carro", brinca
Neves, dono de Maverick 1975.

Técnico automotivo, Cleiton é quem monta e desmonta seu carro. "Ninguém
mexe nele, tenho ciúmes. É um playmobil de gente grande. Nunca paro de
reformar, de tentar melhorar. É um carro mágico, bruto e rústico, do
jeito que eu gosto", conta ele, que instalou sozinho o motor V8 no
Maverick.
Rui Carlos de Araújo Filho também é adepto do "faça você mesmo". Piloto
e mecânico, o membro do Maverick Clube do Rio de Janeiro transformou
seu Maverick 1975 e preparou uma máquina bruta para a pista. "Eu mesmo
fiz as modificações no carro, que despeja em torno de 500 cv e atinge
250 km/h de velocidade máxima", explica Rui. "Gosto dos aspectos
mecânicos do Maverick. É um carro muito forte e que me traz um aspecto
nostálgico, já que meu pai também é mecânico, fã do carro e viveu a
época de lançamento do Maverick", finaliza Araújo.

Nenhum comentário:
Postar um comentário